Pacientes Diabéticos e Exercícios Físicos

Jul 3, 2019 | Saúde

Vimos no texto “Os riscos do Diabetes” que a prática regular de exercícios físicos é indispensável para pacientes diabéticos, sejam do tipo 1 ou 2. O sedentarismo é um dos fatores de risco que permitem o acúmulo de glicose no sangue. Assim, em pessoas sedentárias, a proliferação de radicais livres, que “atacam as membranas das células” pode ser maior e mais intensa do que o organismo pode controlar.

Esse processo provoca diversos efeitos inflamatórios e oxidativos no organismo, especialmente nos vasos sanguíneos e no sistema nervoso periférico. Formigamento, dormência, câimbras e dores nos membros, mãos, pés e dedos são alguns dos sintomas.

Em pacientes diabéticos, o processo inflamatório pode fazer com que as extremidades dos vasos sanguíneos fiquem inflamadas, estreitas e até mesmo obstruídas por placas de gordura. Isso prejudica a irrigação das extremidades, como dedos, mãos e pés.

A diminuição de sangue e o acúmulo de glicose favorecem a proliferação de bactérias e fungos. Assim, as feridas podem surgir e serem muito difíceis de curar. Por esse motivo, a amputação costuma ser um dos principais riscos do diabetes em casos graves. Lesões nos olhos e rins também.

Glicose

A glicose é uma substância fundamental para a vida. Ela é importante para as conexões cerebrais, para o funcionamento dos músculos e para uma série de outras reações no nosso organismo. Não é a toa que os indivíduos com baixa quantidade de glicose no sangue (hipoglicemia) passam tão mal, com enjoos, tonturas e até desmaios. No entanto, o excesso de glicose, como em pacientes diabéticos, também pode ser bastante prejudicial.

Sempre que ingerimos um alimento, nosso organismo realiza uma série de reações. Entre as principais, está a liberação de um hormônio muito importante pelo nosso pâncreas: a insulina. O principal objetivo da insulina é transportar a glicose presente em nosso sangue para dentro das células, para que essa substância possa enfim ser utilizada como fonte de energia e/ou ser estocada como reserva.

Resistência Insulínica

A resistência insulínica acontece quando o hormônio Insulina, produzido pelo pâncreas, não consegue se conectar às membranas das células e transportar a glicose presente do sangue para dentro das mesmas. Isso faz com que o açúcar (glicose) se acumule na corrente sanguínea, provocando todos os efeitos degenerativos citados anteriormente.

Um dos elementos que provocam essa “falha” no funcionamento da insulina é o tecido adiposo (gordura). Em excesso, o tecido adiposo é responsável pela produção e liberação de citocinas. Essas moléculas são lançadas no sangue e interferem diretamente comunicação entre a insulina e as células.

Trata-se de um ciclo vicioso: o excesso de açúcar no sangue – estimulado pelo sedentarismo – tende a ser convertido em triglicerídeos e provocar o acúmulo de gordura no fígado (esteatose hepática) e entre os demais órgãos (gordura visceral). Essa gordura, por sua vez, libera mais citocinas, que interferem ainda mais no metabolismo da glicose em pacientes diabéticos.

O Papel dos Exercícios Físicos

Sabe-se que a resistência insulínica atinge de forma importante as células do cérebro, dos rins e de vários outros órgãos. No entanto, o fígado, o pâncreas e os músculos são considerados hoje regiões mais críticas para a resistência insulínica. A redução do problema nessas estruturas é capaz de provocar um efeito sistêmico muito importante em pacientes diabéticos. E é nesse ponto que reside a importância do exercício físico.

A obesidade e o sedentarismo levam ao acúmulo de gordura no fígado e nos músculos, desencadeando a liberação de citocinas e promovendo uma maior resistência insulínica. A prática regular de exercícios físicos aeróbios de longa duração reduz esses depósitos de gordura. Além disso, exercícios de força promovem a hipertrofia, que é o aumento da massa muscular. E quanto mais músculos temos, maior o nosso gasto energético – mesmo em repouso.

Tanto nos exercícios aeróbios, quanto nos exercícios de força, os nossos músculos precisam de glicose para funcionar. A redução dos níveis de glicose e gordura nos músculos obriga o fígado a utilizar as suas reservas. Assim, o exercício físico interrompe o ciclo de armazenamento de glicose (glicogênio) e de ácidos graxos (gorduras) no fígado. Reduz também a presença dessas substâncias no sangue.

Além disso, a prática regular de exercícios físicos faz com que a glicose presente no sangue possa ser absorvida pelas células mesmo sem a presença da insulina. Isso acontece mediante ativação de GLUT4 – o principal transportador de glicose presente nas células do músculo esquelético. Tal fenômeno é de extrema importância para pacientes diabéticos.

Recomendações de Exercício Físico para Diabéticos

Hoje, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a prática de, pelo menos, 150 minutos de atividade física moderada – ou 75 minutos de atividade física intensa por semana, em sessões de pelo menos 10 minutos de duração. Trata-se de um volume de 2h30min, que os adultos diabéticos poderão distribuir ao longo de sete dias.

Esse valor, no entanto, é o mínimo para manter-se ativo. Para obter resultados realmente positivos, especialmente em pacientes diabéticos, o volume de exercício físico deve ser ainda maior.

Além disso, o ideal é que os pacientes diabéticos distribuam o seu volume de exercícios físicos de forma homogênea ao longo dos 7 dias da semana. Concentrar os 150 minutos mínimos no final de semana e ficar 5 dias (de segunda a sexta) sem se mexer pode ser bastante prejudicial, por exemplo. Assim:

  • Os pacientes diabéticos não devem ficar mais de 2 dias sem praticar exercícios físicos. Períodos mais longos podem fazer com que todas as adaptações conquistadas no treinamento se percam durante períodos extensos de repouso.
  • O exercício físico deve ser cansativo, de acordo com a capacidade de cada pessoa. Deve tirar o paciente da zona de conforto, elevar a frequência cardíaca e fazer suar. Para alguns, será necessário correr para chegar nessa intensidade. Para outros, uma caminhada basta. Quem pode mais, deve fazer mais.
  • O ideal é que os exercícios físicos para pacientes diabéticos mesclem tanto atividades aeróbias (corrida, natação, bike, hidroginástica), quanto exercícios de força (musculação, treino funcional, pilates).
  • O exercício físico para diabéticos deve ser orientado e supervisionado por Profissional de Educação Física competente, de preferência em um programa de reabilitação. Assim, o paciente poderá realizar as atividades de forma efetiva e personalizada, de acordo com as suas limitações.

É importante lembrar que os pacientes diabéticos, especialmente aqueles com mais idade, podem possuir outros problemas de saúde, como doenças cardíacas e articulares. A realização de uma avaliação esportiva completa é fundamental para a segurança do indivíduo.

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