Principais Perguntas sobre a Dieta para Hipertensos

Abr 18, 2019 | Nutrição

A hipertensão é uma doença grave, considerada o principal fator de risco para os Infartos do Coração e para os Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC). Este problema está relacionado não só às características genéticas dos indivíduos, mas também aos seus hábitos de vida. Especialmente à alimentação, ao estresse e ao sedentarismo.

Atitudes saudáveis, como a prática regular de exercícios físicos, a redução do estresse, o controle da qualidade do sono e a adoção de uma dieta para hipertensos, pode ajudar a salvar vidas.

Hoje, cerca de 36 milhões de brasileiros (32,5% dos indivíduos adultos e mais de 60% dos idosos) sofrem com a hipertensão. Além disso, a doença contribui direta ou indiretamente para 50% das mortes por doença cardiovascular.

Abaixo, o Dr. Guilherme Cysne Rosa (CRN 1199), nutricionista da Cardiosport, clínica em Florianópolis/SC, responde algumas das principais dúvidas dos pacientes sobre como deve ser a dieta para hipertensos.

O que é a Hipertensão?

Dr. Guilherme: Toda vez que o nosso coração bate, o nosso sangue é ejetado com uma determinada força, para alcançar as regiões mais distantes do nosso organismo. A hipertensão é justamente o aumento da pressão que as paredes das artérias sofrem e aplicam sobre o sangue.

Pessoas saudáveis costumam ter pressão média de 120 x 80 mmHg. Qualquer valor acima disso já é considerado pressão alta – independentemente da idade. Pessoas que apresentam pressão arterial em repouso igual ou acima de 140 x 90mmHg são consideradas hipertensas.

Quais os primeiros cuidados que são adotados no consultório?

Dr. Guilherme: No consultório, o primeiro controle a ser feito é o do peso corporal, a partir de uma série de exames específicos e através da prescrição de uma dieta para hipertensos.

O excesso de tecido adiposo no organismo é um grande fator de risco para a hipertensão e para os demais problemas relacionados com à síndrome metabólica.

Sabe-se hoje que o tecido adiposo é responsável pela liberação de substâncias inflamatórias que prejudicam o metabolismo da glicose, levando ao Diabetes. Além disso, essas substâncias inflamatórias também contribuem para a deterioração da camada interna dos vasos sanguíneos, proporcionando a formação de placas de gorduras que levam à obstrução das artérias, aos infartos e aos derrames.

Como é elaborada a dieta para hipertensos?

Dr. Guilherme: A dieta para hipertensos deve ser feita de maneira individual e exclusiva. Cada paciente possui características e necessidades próprias que devem ser respeitadas.

De forma geral, nós buscamos – dentro da orientação individualizada – reduzir ao máximo a quantidade de alimentos industrializados que o paciente come. Junto a isso, incentivamos à prática de exercícios físicos e de um estilo de vida menos estressante.

O que os alimentos industrializados têm de ruim?

Dr. Guilherme: Sódio, sal e açúcar. A indústria utiliza estes três elementos em grandes quantidades para dar sabor e fazer com que os produtos não estraguem.

No entanto, a exposição de médio à longo prazo à altas taxas de sódio (sal), pode desencadear uma série de reações perigosas no organismo. É por isso também que, na dieta para hipertensos, nós evitamos a adição de sal de saleiro – que pode ser ainda pior.

O que o sal provoca no organismo?

Dr. Guilherme: De forma resumida, quando o sódio que comemos chega ao nossos vasos sanguíneos, ele passa a reter água. Assim, quanto mais sódio no sangue, mais água e minerais são retirados das células.

Ao perceber esse desequilíbrio provocado pelo excesso de sal no organismo, o coração passa a ter que trabalhar mais, para levar mais sangue e nutrientes para as células. Assim, o músculo cardíaco aumenta a frequência e a pressão do bombeamento. E é assim que a hipertensão se estabelece.

Quando o coração passa a bater mais rápido e com mais pressão, a tendência é que os vasos sanguíneos se contraiam, em resposta a esse estímulo. Com o passar do tempo, a pressão alta faz com que as paredes dos vasos sanguíneos fiquem mais espessas e rígidas. Isso aumenta o risco de obstrução e rompimento (Infarto do Coração e Acidente Vascular Cerebral).

Vale ressaltar que pessoas saudáveis, que comem alimentos salgados esporadicamente, tendem a retornar para a condição normal. No entanto, a exposição por longos períodos a esses efeitos tende a gerar o quadro crônico de hipertensão.

Quais alimentos recomenda para uma dieta básica para hipertensos?

Dr. Guilherme: A dieta para hipertensos deve privilegiar alimentos in natura, como as frutas, os legumes e as verduras. Cozinhar os alimentos sem a adição de sal e sem o uso de temperos prontos também é uma orientação importante. O ideal é que as pessoas voltem para os alimentos da horta e evitem o consumo de produtos industrializados e embutidos, como os presuntos e salames.

Por conta do maior risco de obstrução das artérias – o que tende a provocar Infartos do Coração e Derrames (AVC) – o consumo de gorduras, carboidratos e proteínas deverá ser equilibrado, de acordo com planejamento realizado por nutricionista.

Qual conselho daria às pessoas?

Dr. Guilherme: Sim. Que as pessoas tenham mais comidas na geladeira do que nas prateleiras. Comidas saudáveis, sem conservantes e com baixo teor de sódio (sal), estragam. Criar o hábito de ir às feiras, cozinhar a própria comida sem adição de sal e evitar os lanches por aplicativos (geralmente ricos em sal, açúcar e gordura) pode ser um bom começo para uma mudança de hábitos e para a prevenção.

Caso o paciente com hipertensão já tenha passado por algum evento como Infarto do Coração ou Acidente Vascular Cerebral (AVC), os cuidados com a dieta para hipertensos devem ser redobrados. Procurar um serviço de reabilitação cardíaca com abordagem multidisciplinar para realizar os exercícios físicos com segurança e retomar a qualidade de vida é fundamental.

Sobre o autor:

Dr. Guilherme Cysne Rosa (CRN 1199), nutricionista da Cardiosport, possui intercâmbio de graduação em Nutrición humana y diétoterapia pela Universitat de Valencia (2002) e graduação em Nutrição pela Universidade do Vale do Itajaí (2005). Mestrado em Nutrição – Metabolismo e Dietoterapia pela Universidade Federal de Santa Catarina (2007). Pós-Graduado em Nutrição Esportiva pela Universidade Castelo Branco (2009). Pós-Graduado em Nutrição Esportiva Funcional pela VP Consultoria Nutricional (2012). Especialista em Nutrição em Esportes por Mérito pela Associação Brasileira de Nutrição (2012). Docente do Curso de Pós Graduação em Nutrição Esportiva Funcional da UNICSUL – VP. Nutricionista do AVAÍ Futebol Clube. Proprietário e Responsável técnico da SANNUTRI Consultoria e Assessoria em Nutrição.

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